Incinerar



A sede que me cerca,
Tal qual o mar que me afoga.

O céu que me asseia,
Tal qual o ar que me sufoca.

A gula que me traga,
Tal qual a fome que me mata.

A chama que me aquece,
Tal qual o inferno em fogo a queimar

O mar, o ar e a fome
Que ao homem consomem.

Incinerar
Ensina a errar.

Lilica



Não existem no mundo buracos iguais, tão menos em nossas vidas. Sinto, hoje, um vazio que por nada, nem ninguém, pode ser preenchido, pois é o vazio de um buraco cravado, cavado e deixado no peito por uma partida única, específica. Partida, a parte minha que partiu assim, do nada, partindo meu coração, deixando no seu espaço único o nada. Nada neste vago buraco se preencherá mais, de vago vazio ele, então, aqui, ficará. Uma saudade imensa. Uma dor tremenda. Um choro de secar os olhos e desidratar até os seres mais aquosos. Ela já não habita mais a instância deste mundo terreno. E seu descanso é meu pranto. Lilica, meu Lilicão, esse mundo, pra ti, foi pequeno. Minha filha de criação, parte de mim partida, parte partida do meu coração. Teu espaço em mim estará vago até que meu próprio eu já não vague mais nesta Terra e neste chão.

Obrigado, meu anjo, 
pelo amor mais sincero do mundo.
Papai te ama pra sempre! 

Adjetivo



Queria eu poder encontrar palavras
Minimamente satisfatórias
Às necessidades que tenho hoje
De contar, cantar, escrever e descrever
Sobre a divina congruência de nossas histórias.

Queria eu, minha menina, saber dizer
Com esta boca que sacia em ti a sede,
Todos os infinitos porquês e as razões tais
Que expliquem de forma coerente
Tamanha paz que tua existência me traz.

Quero eu a sorte de uma eternidade e meia,
Depois de bem-viver uma vida inteira
Ao teu lado, nos teus laços e braços
Envoltos, atados, amarrados,
Armados de amor, mirados pra mim.

Uma vez mais eu lhe agradeço, meu grande amor,
Por, hoje, eu ser tão... Liliane.
“Soul” você ao pé da letra e à flor da palavra, do nome.
Pois Liliane é o adjetivo primeiro da escala
Que inventei pra mim.