10 de Janeiro de 2014



Hoje tinha tudo pra ser mais um daqueles dias tais. Mas a vida deve ser lida como um livro novo, recém-publicado, página por página, aproveitando os mais pequenos detalhes. O cheiro de novo, de novo. Todos os dias. Sim, a vida deve ser linda. Nos títulos, nos parágrafos, nas notas de rodapé. Eu percebi que havia algo de muito certo no dia de hoje quando, do nada, ela não chegou atrasada. Pelo contrário, ela chegou adiantada, bem antes do horário. A gente tinha planejado assistir um filme qualquer, de uma sessão qualquer, mas acabamos protagonizando nosso próprio curta-metragem. E teve de tudo um pouco. Eu via no olhar da minha pequena a angústia. Eu lia nos seus lábios o temor. Mas pra quê ter medo se temos amor? E logo tudo desabou em alívio. Como a chuva desabava lá fora. Claro, não poderia faltar chuva. E, enfim, depois de um D.P.*, nos entregamos ao presente. E ao choro do céu. Eu realmente não sabia onde a chuva acabava e ela começava, parecem ser uma coisa só. E eu ali, enlaçado nelas, em um engodo, um nó. Nas escadarias, então, fez-se ápice, clímax. Naquele instante ela me fez tocar o céu. Um beijo imenso, intenso, daqueles que a gente sempre lê e imagina ou assiste no cinema e acha ser “perfeito” demais pra caber nessa realidade. Mas coube. E transbordou. Nós dois, ali, presos ao momento. Protagonistas do instante. Ironicamente subindo as escadas pra chuva descer. Cair. Benzer. Eu tenho certeza absoluta do tempo ter dado a si mesmo um tempo naquela hora. Em alguns minutos... A eternidade.

Discutir o Passado*

"E naquele momento, eu juro, nós eramos infinitos".

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