Tudo Aquilo Que Precisa Ser Dito



Eu tenho tanto pra lhe dizer,
Mas não sei por onde começar...
É difícil colocar em meras palavras
Tudo o que carrego no peito.

Bom, vou tentar...
Começarei devagar, pela letra “E”.
As palavras nunca traduzirão tudo isso,
Mas enfim, tentemos, enfim, continuemos...

Em seguida arranho a letra “U”,
Atravessada na garganta, como um nó,
Que sufoca, tira o ar, dilacera o peito,
Mas ao mesmo tempo me tira do chão, me faz flutuar.

Dito isso, sigamos em frente,
Pois o tempo corre, não para,
É implacável, senhor da vida e do amor,
E por falar em tempo, digo-lhe então a letra “T”.

E o peso nos pulmões e cordas vocais
Parece lentamente se esvair, aliviar-se,
Ganhar o mundo, e seus ouvidos, meu amor,
E mais uma vez lhe digo a letra “E”... pois é.

Mas então voltamos ao início?
Não, não, de forma alguma,
Nunca estivemos tão próximos do meio,
Mas no alfabeto voltaremos sim...

E é então que lhe digo em meio a suspiros,
Lábios entrelaçados, peles enroscadas,
A primogênita das letras, protagonista de muitas palavras,
Digo-lhe no esforço de um respirar... a letra “A”.

Ah, mas isso parece não ter fim!
Não, não tem mesmo! O sentimento é eterno!
E nele nada se teme,
E olhos nos olhos, lhe dou a letra “M”.

Ah, minha pequena, e como é verdade...
Você me desarma, me usa sem dó...
Desata meu nó, e é por isso que, então,
Entrego-lhe de todo o meu coração... a letra “O”.

“EU TE AMO”.

Porque o que realmente existe é o Agora



Porque a gente só valoriza o que já foi,
O que já não é mais, o que já não pode ser?
Porque o passado é mais vivido e lembrado,
Que o próprio presente, recém-chegado?

Porque os momentos só são lembrados,
Quando assim chamados, lembranças?
Porque não se lembrar de viver e amar,
Enquanto estamos presos na cadeia do agora?

E porque os porquês não respondem tudo,
Se tudo já é resposta de alguma coisa?
E se tudo é resposta de alguma coisa,
Porque ainda pergunto?

Nós dois, dois nós.



Dos muitos papéis que aqui desempenhei,
O mais importante foi amar você.
Se nascemos e vivemos por um propósito,
Por que não o amor? Por que não você?

É o que tinha de ser, meu amor.
A gente se encontrar, se bagunçar,
E nessa bagunça, se completar.
É o que tinha de ser, do amor.

E foi! Da forma mais bonita que poderia ser,
Da forma mais transloucada que pude prever,
Eu, você, Nietzsche, Los Hermanos, os pés descalços,
Nosso mundinho, nosso universo... perfeição.

Em pouco mais de um ano,
“100 Anos de Solidão”.
Sinto sua falta, minha pequena,
Mas sei que nosso amor é um capítulo sem fim.

E pra finalizar o que não tem final,
Deixo-te aqui, com todo o meu amor,
Uma nota de rodapé para que leia depois:
Eu sempre acreditarei em tudo aquilo que for bom pra nós dois.

Inférteis



Estamos vivendo na era da nostalgia! Simplesmente não temos mais a capacidade e a criatividade de gerar ideias e conceitos completamente novos! Por favor, não confunda avanço tecnológico com criatividade, são coisas distintas, pois acredito que nunca na história a tecnologia foi tão utilizada com o intuito de nos transportar para o passado. Hoje somos alimentados por “remakes” e conceitos nostálgicos (repetidos e readaptados) de uma época tão mais fantástica, que acabamos ficando presos em um tempo que já não nos pertence mais... Nunca vivemos tanto de passado quanto hoje. Síndrome de uma sociedade infértil no campo da imaginação.

Nos Passos do Tempo



E de vez em sempre, eu me pego na janela,
Assistindo o tempo passar.
Entre um passo e outro eu penso em você,
Fico rindo sozinho pra paisagem imóvel diante de mim.
Às vezes o tempo tropeça, desacelera o passo,
Parece não andar...
Parece carregar nos segundos o peso de séculos.
Parece cansado de tanto ir pra lugar nenhum.
E eu, ali, na janela, contemplando-o.
Buscando achar em seus passos um espaço vazio,
Igual ao meu,
Um espaço que me preencha.
Uma solidão irmã que me entenda.
Que aceite de bom tom fazer par com a minha.
Que me ame,
Que cuide de mim...
E das minhas horas.