Indivisível



É tão engraçado, chega a ser cômico,
Mas ao mesmo tempo cruel, uma piada de mau gosto,
Saber que a pessoa que na origem de tudo foi parte de ti,
Hoje caminha por aí, distribuindo sorrisos a outro alguém.
Distribuindo seus olhares, seus toques, seus beijos...
E dói, não nego, dói tudo o que deveria e poderia doer,
Contorço-me na cama só de imaginar
Tão mórbidas cenas de se ver, viver e se pensar.
É como se um pedaço meu tivesse criado vida própria
E já não precisasse mais de mim e da minha presença.
Meu carinho, meu amor, já não são mais necessários,
Ela cresceu, tornou-se mulher, adulta, mais sábia do que eu,
Já não precisa mais de mim para cuidar de seus passos.
A angústia é algo que aprenderei a conviver,
A saudade é a prova de que um dia lhe tive...
Mas terei de lhe esquecer!
E é possível esquecer-se de si mesmo?
É possível deixar de amar o próprio amor?
Não, não é.
Você é parte de mim, é a totalidade da dor.
Sabe por que não divido isso em estrofes?
Sabe por que não me preocupei tanto com rimas?
Porque isso é a representação do meu amor por ti...
Indivisível, errado, torto, imprevisível!
Uma loucura, insanidade, um poema impossível!

Nenhum comentário:

Postar um comentário